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CULTURA
Quarta - 11 de Novembro de 2015 às 14:48
Por: Da Redação TA c/ Assessoria

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 O samba de roda e o berimbau dos alunos da Escola Estadual Professora Tereza Conceição de Arruda, da comunidade quilombola Mata Cavalo, do município de Nossa Senhora do Livramento, marcaram a abertura do projeto “Novembro Negro, Cidadão” nessa terça-feira (10.11). A apresentação dos estudantes, como as pinturas, máscaras, bonecos e outras representações artísticas da cultura afro-brasileira foram expostas no auditório da Escola Estadual Presidente Médici.

Durante a programação do ”Novembro Negro, Cidadão” será realizada a culminância pedagógica nas escolas com apresentação dos trabalhos desenvolvidos durante o ano letivo, a exemplo dessa terça-feira. A ação tem o objetivo de fortalecer e implementar nas unidades escolares do estado a Lei Federal nº. 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira.

“Eu acho que era uma pessoa sem cultura. Mas há quatro anos, passamos a estudar tudo relacionado aos costumes do povo negro e por sermos uma escola quilombola começamos a apresentar a dança afro para mostrar as outras pessoas como ela é bonita”. conta Ana Louize Barbosa da Silva, estudante do 2º ano do Ensino Médio da comunidade Mata Cavalo.

A Superintendente de Diversidades Educacionais da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Gonçalina Eva de Almeida, observa que o trabalho sobre a temática do negro feito de forma interdisciplinar em todo currículo escolar na unidade quilombola deve atingir as 752 unidades do Estado.

Gonçalina conta que apesar da Lei ter mais de 12 anos existe a dificuldade de a incorporá-la ao currículo. Por isso, a Seduc enviou uma Nota Técnica às unidades escolares no início do ano para reforçar a necessidade de trabalhar a cultura africana e afro-brasileira. Paralelo a isso foi realizada a formação de professores quilombolas em educação étnico racial pra subsidiar a atuação do profissional.

A Escola Estadual Leovegildo de Melo integrou a temática afro-brasileira ao currículo escolar esse ano, após o apoio da Seduc. A professora de artes Nilma Sintra Costa apresentou os trabalhos dos estudantes do ensino médio inspirados na cultura africana.

“No currículo trabalhamos das séries iniciais até o ensino médio. Com esses alunos maiores, produzimos máscaras éticas. Trabalhamos de forma muito respeitosa, pois as máscaras são relacionadas a questão religiosa e na cultura africana existem castas, e só pode construir uma máscara quem participa de uma casta de artesões e tudo isso foi ensinado à eles”, conta a professora. Os trabalhos de pesquisa para a construção artística foram realizados de forma interdisciplinar com os professores de história, geografia e língua portuguesa.

De acordo com a superintendente de Diversidade, o trabalho multidisciplinar é muito importante para que o ensino dentro a escola seja realizado de forma correta. “Precisamos mostrar que a história do negro não começa no período da escravidão, que essa foi uma condição imposta, mas ele já tinha uma história antes, e é essa que nós queremos contar, contagiar quem está no nosso lado e aprendendo a respeitar a todos”.

Representantes da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, do Conselho Municipal de Política Racial de Várzea Grande, Universidade Federal de Mato Grosso e comunidade geral, participaram da abertura do evento.

Programação

Até o dia 28 o projeto percorrerá 12 escolas de Cuiabá e Várzea. Na programação também constam ações integradas da Seduc à outras instituições. Nessa quinta-feira (13.11) o "Novembro Negro, Cidadão" será realizado dentro do Centro de Ressocialização da Capital (CRC), para alunos e profissionais da Escola Estadual Nova Chance mantida em parceria com a Sejudh. Na mesma data, diversas associações e grupos de cultura negra realizam apresentações no projeto Kizomba, na Praça Alencastro.

Entre os dias 16 e 18 de novembro, profissionais da educação de todo o Estado participam da IX Jornada das Desigualdades Raciais, no Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Esta será uma jornada de formação continuada em relação às diversidades raciais. O evento realizará a culminância pedagógica de todas as atividades do ano sobre a Lei 10.639/2003. 




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