Deputados falam sobre possível mudança do VLT para o BRT
Deputados repercutiram a intenção de o governador Mauro Mendes (DEM) substituir o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) por outro modal – a exemplo do Bus Rapid Transit (BRT). A possível troca é estudada em função dos subsídios das passagens e da manutenção que o governo do estado teria que arcar para manter o VLT rodando com passagens equivalentes a do atual transporte público.
Na opinião do deputado João Batista (PROS), o dinheiro público não é para fazer experimento. De acordo com o parlamentar, quando é época de campanha se faz uma proposta, mas quando assumi o poder é outra história. “Nós sabemos que o governo tinha seus técnicos, na época de transição de governo (Taques e Mauro Mendes) com dados para saber se era factível ou não dar continuidade às obras do VLT".
Batista disse que se o governo for desfazer de toda infraestrutura do VLT, o Estado não vai recuperar nem 10% do que já foi gasto – à época mais de R$ 1 bilhão. “Hoje, esse dinheiro falta na saúde e também na educação. É dinheiro que está sendo jogado fora. Mas alguma coisa tem que ser feito e de forma urgente, porque muitas pessoas já morreram no trânsito, na Avenida da Feb, em Várzea Grande”, disse o parlamentar.
O governador Mauro Mendes, de acordo com Batista, não pode ficar esperando um ano para tomar essa decisão. Segundo ele, o governador deve realizar audiência pública para que a sociedade tome conhecimento da real situação do modal VLT, e se buscará recursos financeiros do próprio Estado ou de investidores estrangeiros.
Já o deputado Valdir Barranco (PT) disse que a mudança do VLT pelo BRT tem gerado muitas controvérsias, desde à época que Cuiabá foi escolhida como uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014. Segundo o petista, naquele momento, a escolha do VLT foi uma ação acertada porque é um modal moderno e sofisticado e que vem ao encontro da sustentabilidade ao meio ambiente.
“Agora fazer uma inversão depois vários anos, que no meu ponto de vista foi acertada implantar o V LT e trazer para o VRT, é algo injustificável. Estamos voltando atrás. O Estado vai ter um prejuízo enorme com o BRT que polui muito o ambiente e não traz o mesmo conforto, não são modernos e já são ultrapassados. Está na hora de o governo acabar com essa novela”, disse Barranco.
O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Dilmar Dal Bosco (DEM), lembrou que na época do governo de Silval Barbosa já tinha opinião contrária à implantação do VLT. Segundo ele, à época, que não haveria tempo hábil para rodá-lo durante a Copa do Mundo.
De acordo com Dal Bosco, o custo aos cofres públicos do Estado deve chegar à casa dos R$ 10 milhões mês, para subsidiar as passagens. “Ás vezes o trabalhador precisa fazer três integrações e como fazer essa integração, que terá um custo financeiro. Isso será custeado pelo usuário do transporte coletivo ou pelo Estado. Quem vai bancar o custo de cada um?”, questionou Dal Bosco.
Segundo ele, o gasto não é somente com a passagem, mas também com o custo da manutenção dos vagões e dos trilhos e com o gasto com a subestação de energia elétrica que é elevado e em tempo integral. Para Dal Bosco, o VLT torna-se inviável para o governo.
Em relação ao custo bilionário já investido no VLT, Dal Bosco disse que é preciso convocar os Ministérios Públicos Federal e do Estado para alinhar o entendimento. Ele afirmou que os municípios de Cuiabá e Várzea Grande não têm a capacidade de fluxo de passageiros para equilibrar os gastos com o VLT.
“No período que não é de pico (volume maior de passageiros) menos da metade dos ônibus estão circulando nas duas cidades porque vai para o pátio das empresas. Só no horário de pico que têm passageiros. O governo não tem condições financeiras para manter o VLT com poucos usuários utilizando o transporte público, porque o custo é elevado”, explicou o líder do governo.
"O governador Mauro Mendes não tomou ainda uma decisão que vai ser o BRT o modal escolhido, mas é preciso tomar medidas que resolvam os problemas das Avenidas da Feb, em Várzea Grande e Fernando Correa da Costa e a do CPA, em Cuiabá que estão em péssimas condições de trafegabilidade. O governo precisa tomar uma decisão. Hoje, o Estado de Mato Grosso não tem condições financeiras de bancar os subsídios das passagens do VLT. Mas a decisão de implantação do VLT ou BRT cabe ao governador Mauro Mendes. Temos que nos preocupar com o futuro, quem vai dar o subsidio das passagens e fazer as manutenções dos vagões para que o passageiro não tenha que pagar mais caro pela passagem”, completou Dal Bosco.
Carlos Avallone (PSDB) disse que estava na Assembleia Legislativa à época da escolha do modal BRT ou VLT e que “houve uma decisão da população a favor da implantação do VLT”. Naquele momento, de acordo com o parlamentar, houveram contestações tanto do ex-governador Blairo Maggi, quanto pelo senador Pedro Traques, que eram contrários ao VLT.
“Essa é uma decisão importante para Cuiabá e Várzea Grande. O governador Mauro Mendes não pode demorar, mas antes tem que ouvir a população e parar com esse rasgo que está nas avenidas dessas duas cidades”, disse Avalonne.
Enquanto isso, o deputado Paulo Araújo (PP) disse que ainda não tem opinião formada sobre qual modal de transporte é melhor para Cuiabá e Várzea Grande. De acordo com o parlamentar, com a escolha do VLT já foram investidos mais de R$ 1 bilhão e que são necessários alguns milhões para a conclusão dos trilhos do VLT nas duas cidades.
“Hoje o Estado não tem condições de terminar e subsidiar o modal VLT, inviabilizando o seu funcionamento. Outro problema é com o valor que já foi investido na aquisição dos vagões e que estão parados sendo sucateados pela ação do tempo. Há um empréstimo especifico à construção do modal VLT que o governo está pagando, é um prejuízo bilionário à população caso o governo venha a abrir mão do VLT”, disse Araújo.
Para ele, um dos grandes gargalos à implantação do VLT é o valor que deve ser cobrado das passagens. Araújo disse que um estudo técnico aponta que o VLT é inviável para Cuiabá. “Mas a discussão sobre a escolha deve ser ampliada e que a mesma não seja tomada de forma unilateral. Não adianta um VLT circular nas duas cidades sem passageiros”, disse Paulo Araújo.